O Sacerdócio Universal conforme Lutero
“Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação, e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes” Apocalipse 5.9,10
A maior contribuição de Lutero à eclesiologia foi a doutrina do sacerdócio de todos os cristãos, embora ela seja mal compreendida.
Para alguns, isso significa que não há mais sacerdotes na igreja. Para outros, significa que cada cristão é seu próprio sacerdote, julgando assuntos de fé e doutrina. Ambos estão errados. A essência é que somos todos sacerdotes uns dos outros.
Lutero rompeu decisivamente com a divisão da igreja em duas classes, clero e laicato. Todo cristão é um sacerdote em virtude de seu batismo. Esse sacerdócio deriva de Cristo: “Somos sacerdotes como ele é Sacerdote, filhos como ele é Filho”.
O sacerdócio universal é tanto uma responsabilidade quanto um privilégio. Deus fez-nos um corpo, e essa unidade é demonstrada pelo amor e cuidado mútuo. “Ser sacerdote significa que cada um de nós, cristãos, pode ir perante Deus e interceder pelo outro”. Ninguém pode ser cristão ou servir a Deus sozinho. É a comunidade dos santos. Mas quem são os santos? Não são supercristãos, mas todos aqueles que crêem em Cristo. “Lutero trouxe a comunidade dos santos do céu para a terra”. Quando desejar fazer algo pelos santos, volte sua atenção para os vivos, não para os mortos. Uma comunidade de intercessores, um sacerdócio de amigos que se ajudam, uma família em que as cargas são compartilhadas e suportadas mutuamente.
Mas como Lutero relacionava o sacerdócio de todos os cristãos ao ofício do ministério? Enquanto todos os cristãos têm parte igual nos tesouros da Igreja, nem todos podem ser pastores, mestres ou conselheiros. Há um só “estado” (Stand), mas uma variedade de ofícios (Amte) e funções.
Adaptado “A Doutrina do Sacerdócio de Todos os Crentes Conforme Lutero” por Timothy George