Depravação Total

Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer”. Romanos 3. 10-12

 

Os seres humanos são basicamente bons ou basicamente maus? A base sobre a qual o argumento se move é a palavra “basicamente”. É um consenso, quase universal, que ninguém é perfeito. Aceitamos a máxima que diz que "errar é humano".

A Bíblia diz que "todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm. 3.23). A despeito do veredicto da falência humana, em nossa cultura, dominada pelo humanismo, persiste a idéia de que o pecado é algo superficial. De fato, somos maculados pelo pecado. Nosso registro moral é repreensível. Mesmo assim, de alguma maneira, pensamos que as obras más residem na extremidade do nosso caráter e nunca penetram o âmago. Basicamente, supomos que as pessoas são inerentemente boas.

Obviamente, algumas pessoas são muito mais perversas do que outras. Perto de Sadam Hussein ou Adolf Hitler, o pecador comum fica parecendo santo. Entretanto, se olharmos para o padrão supremo de bondade — o caráter santo de Deus —, vemos que o que parece ser bondade no padrão terreno, é extrema corrupção.

A Bíblia ensina a depravação total da raça humana, ou seja, corrupção radical. Há diferença entre depravação total e depravação absoluta. Ser completamente depravado significa ser o mais depravado possível. Hitler era extremamente mal, mas ainda poderia ter sido pior do que era. Eu sou pecador. Mas poderia pecar com mais freqüência e com mais gravidade do que faço. Não sou absolutamente depravado, mas sou totalmente depravado. Entendeu?

Depravação total significa que somos depravados ou corrompidos na totalidade do nosso ser. Não existe nenhuma parte de nós que não tenha sido tocada pelo pecado. Nossa mente, nossa vontade e nosso corpo estão afetados pelo mal. Proferimos palavras e praticamos atos pecaminosos, e temos pensamentos impuros. Nosso próprio corpo sofre a destruição do pecado.

Talvez depravação radical seja um termo melhor do que “depravação total” para descrever nossa condição caída. Uso a palavra radical não tanto no sentido de extremo, mas com um sentido mais próximo do seu significado original. Radical vem da palavra latina para “raiz” ou “âmago”. Nosso problema com o pecado é que ele está enraizado no âmago do nosso ser. Permeia todo nosso coração. O Pecado está no nosso âmago e não simplesmente no exterior da nossa vida, como diz Rm 3.10-12.

É por causa dessa condição que a Bíblia dá o seu veredicto: estamos “mortos em nossos delitos e pecados” (Ef 2.1); estamos “vendidos à escravidão do pecado” (Rm 7.14); somos “prisioneiros da lei do pecado” (Rm 7.23) e somos “por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). Somente por meio do poder transformador do Espírito Santo podemos ser tirados desse estado de morte espiritual. É Deus quem nos vivifica, quando nos tornamos feitura dele (Ef 2.1-10).

"Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”


R. C. Sproul (Adaptado)